Essa aqui veio suada...
Runners,
Ontem foi dia de subir o morro nos 8Km da 62ª Corrida de Aleluia, em São Roque, interior de SP.
Fui de carona com meu amigo Marcão e sua esposa, além de contar também com a companhia de minha namorada, mais uma vez, e do Nadais, outro viciado em corridas de rua.
O caminho até São Roque foi de pura descontração. O Nadais contava diversas histórias, ora intercaladas por relatos do Marcão e alguns comentários meus, tudo sobre corrida. Vocês acreditam que o Nadais correu uma maratona logo em seus primeiros meses de corrida? E detalhe: sem saber ao certo do que se tratava… hahaha… Uma figura!
Ao chegar em São Roque o primeiro susto: subidas! Tudo bem… Pensei logo que, tudo que sobe, desce, certo? Fui ver minutos depois que a regra nem sempre é essa…
Às 16h foi dada a largada da prova de caminhantes, cujo primeiro colocado chegou minutos antes da largada dos corredores, às 17h.
Laranjinhas devidamente vestidas, partimos todos para um aquecimento na subidinha perto da largada (E eu estava ainda mais assustado… rs).
17h apontava o relógio, corredores prontos para a largada. A igreja da pça. da Matriz à esquerda, moradores ansiosos aplaudiam e incentivavam a todos. Esposas, namoradas, irmãos, amigos, moradores de rua, todos lá, unidos em um único objetivo. A buzina tocou… Estava dada a largada para os 8Km mais sofridos de toda minha curta vida de corredor.
O primeiro km foi fácil, uma longa descida e uma reta estabilizadora. Km 2 a mesma coisa, percurso plano e corredores a todo o vapor. O problema estava chegando…
Km 2,5… O Marcão corria ao meu lado quando olhei pra frente e pensei “o que é aquilo?”… “Vamos ter de subir?”… Para quem conhece o bairro das Perdizes, aqui há uma rua chamada Paris, próximo ao metrô Vila Madalena. Imaginem aquilo… Para aqueles que não conhecem, basta imaginar uma parede! É a mesma coisa…
Chegando mais perto eu via corredores andando ladeira a cima… Não aguentei e soltei um palavrão. Não acreditava no que via a minha frente. Olhei pro Marcão ansioso por uma palavra amiga… rs… E ele disse: “Vambora?”. Definitivamente não era aquilo que eu queria escutar naquela hora. Talvez um: “Vou pegar o carro, espera aí…” hahahahah….
Começamos a escalar aquele morro, mas como eu já previa, começamos a andar, olhando pra cima… Ao invés de postos de água, devia haver staffs jogando cordas para nós… Mas tudo bem… a ladeira passou… acabou…. Acabou? Não… eram apenas 100 metros planos enganadores, pois havia mais…e bora lá correndo mais um pouco. Essa segunda não era tão forte, admito, mas a primeira já havia me quebrado… Precisava fazer um pit stop, mas tinha medo de parar e ter de tirar o capacete e o macacão… Não queria que a corrida acabasse pra mim. Eu queria terminar aquela joça!
Continuamos a correr, dessa vez em um caminho mais plano. Já havíamos vencido 4Km e tinhamos uma descida de aproximadamente 1Km a frente. Hora de recuperar as energias!
Acabada a descida, passamos próximos a linha de chegada, mas ainda restava mais uma volta. MAIS UMA VOLTA? Me desesperei ao pensar naquela subida novamente, mas lembrei do mapa que decorei antes da corrida: aquela subida não ia voltar… Ufa!
Tivemos praticamente 2Km de pecurso plano com leves descidas antes de chegar no km 7. Desta marca em diante, eu já avistava outra ladeira. Comecei a me sentir mal a cada passo que dava. Olhava pro Marcão e pensava em pedir arrego, mas meu coração mandava eu seguir adiante. Na verdade ele quase saiu pela minha boca e foi me empurrar, de tanto que ele batia… Eu nem aguentava mais o “pi – pi – pi” do frequencímetro…
Olhei mais uma vez para o Marcão e disse “vai, cara… eu te alcanço”, mas como ele também estava mortinho, caminhou comigo mais alguns metros. Avistamos a frente toda a galera na linha de chegada, assim que dobramos mais um quarteirão. Mas antes de sentir o calor daquelas pessoas animadas esperando os guerreiros de São Roque, havia ainda mais uma subidinha chata no quarteirão final. Mas a felicidade por estar completando a prova falou mais alto, e subi aquilo como se estivesse voando.
A última descida. A linha de chegada logo ali, a apenas uns 400 metros de distância. Ouvi o Marcão dizer: “Solta essa perna, Lagos, vambora, já chegamos!”. Lembramos juntos de nossa meta. Nosso plano A era concluir a prova em 50 minutos, ou, na pior das hipóteses, curtir uma corridinha de fim de tarde em 55 minutos. Fiquei receoso de olhar para o relógio. Apertamos o passo e entramos nos 100 metros finais, em uma descida alucinante. Todos os moradores, corredores e acompanhantes reunidos na linha de chegada. Uma sensação de superação misturava-se com dor e alegria. Olhei para o Marcão e ele gritou: “Vamos fechar abaixo do tempo!!!”. Nos cumprimentamos frente à chegada e passamos juntos pelo tapete.
48 minutos e 12 segundos depois, eu acabava de somar mais 8Km na conta! E com um tempo abaixo do esperado…
Isso é superação, galera. Isso é ser CORREDOR DE RUA!
Obrigado pelo apoio, Marcão! E pela carona, gel, gatorade… rs
Boa semana a todos e bons treinos!
Um grande abraço,
Rogério Lagos
Nadais, eu, Maria Helena, Reginaldo, Marcão e Sr. Nelson